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VÍDEO: câncer de próstata pode acometer um a cada seis homens

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Renan Mattos (Diário)
Motivado pela campanha Novembro Azul, há dois anos, o aposentado João Antonio Machado descobriu a doença a tempo de buscar a cura

Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, no Brasil, há estimativa de que sejam diagnosticados 65.840 casos de câncer de próstata no país em 2020, o equivalente a 29,2% dos cânceres que atingem homens. Enquanto para o Estado, a incidência estimada do tipo de câncer para este ano é de 71,07 casos para cada 100 mil habitantes. De acordo com informações disponibilizadas pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, entre 2014 e 2018, no Estado, a cada 100 mil homens, foram registrados 20,17 óbitos por câncer de próstata.

Em Santa Maria, a doença também é uma triste realidade. De janeiro a outubro deste ano, foram registradas 27 mortes. Já de 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2019, o município registrou 30 óbitos, devido ao câncer de próstata. As informações são da Secretaria Municipal de Saúde.

A DOENÇA
O câncer resulta da multiplicação desordenada das células da próstata. No Brasil, é o segundo tipo de tumor mais frequente nos homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Essa glândula do sistema genital masculino pesa cerca de 20 gramas e se assemelha a uma castanha. Localizada abaixo da bexiga, tem como principal função, junto às vesículas seminais, a produção de esperma.

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Conforme o médico urologista Rafael Lemos, a próstata não tem interação direta com o sistema urinário, embora esteja muito perto. Além disso, segundo ele, é importante saber que o câncer não é a única doença que afeta essa parte do corpo:

- Essa inflamação, chamada hiperplasia prostática, ou tumor prostático é muito relacionada ao envelhecimento. Esse é o fator principal. O segundo está relacionado com a genética da pessoa.

De acordo com Lemos, tem duas doenças que atingem a próstata em uma faixa etária acima de 40 anos. Uma delas é benigna e muito comum, a hiperplasia prostática, ou seja, o crescimento da glândula.

- O tumor não apresenta sintomas na fase inicial. Por isso o exame é imprescindível. Quando a próstata cresce, há mais vontade frequente de urinar, sangramento e, no caso de metástase, dor em qualquer osso acometido.

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ESPERANÇA
O aposentado João Antônio Machado, 66 anos, recebeu o diagnóstico do câncer de próstata em 2018. Sempre atento à saúde, em 2017, ele fez um exame que não apresentou anormalidades. Motivado pela campanha Novembro Azul, no ano seguinte, fez outros testes e, então, descobriu seis nódulos malignos, a doença estava em estado avançado.

- Encaminhei a aposentadoria e vendi meu carro para fazer o tratamento particular. Tive medo de o Sistema Único de Saúde (SUS) demorar a me anteder. Fiz as contas e descobri que precisaria de, no mínimo, R$ 45 mil para me tratar. Sem recursos suficientes, fui encaminhado ao setor de urologia no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) - conta o santa-mariense.

Machado optou pela cirurgia imediata de retirada da próstata, realizada em abril deste ano:

- A escolha foi radical porque o tratamento é demorado. Além disso, sabia que, em três ou quatro anos, teria que passar pelo procedimento.

Hoje, ele faz radioterapia, fisioterapia e psicoterapia, através do SUS. Confiante de que a vida está voltando ao normal, quer adquirir um carro até o final do ano e, é claro, continuar atento à saúde. Machado ainda alerta para algo muito sério, o preconceito:

- Deixem de lado o preconceito e medo de fazer o exame. Pensem na própria vida e nos familiares. Essa doença não avisa. Sintomas só aparecem quando está em estágio avançado.

PRECONCEITO
Uma pesquisa online realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), no mês passado, mostra que os homens passaram a consultar menos os urologistas durante a pandemia. A situação era preocupante desde antes, afinal, 27% dos entrevistados disseram que nunca tinham consultado com médico da especialidade. Cerca de 75% dos homens pesquisados tinham mais de 40 anos. Desses, 55% deixaram de ir ao médico ou suspenderam o tratamento nos últimos meses.

Outros 3% alegaram que nunca procurariam um urologista. Entre os motivos, estão a vergonha e o preconceito com o exame de toque retal, além do receio da disfunção sexual.

Para Lemos, essa realidade está ligada mais a questões culturais do que ao preconceito. As meninas crescem ouvindo a mãe falar que precisam fazer o preventivo. Então, desde a adolescência, fazem o autoexame, é natural.

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- Já os homens não têm o hábito do autoexame. Na maioria das vezes, eles são incentivados pela esposa a irem ao médico, ou então, só vão quando sentem dor ou desconforto. Tem ainda a questão das brincadeiras masculinas que envolvem a questão.

Segundo o psicólogo André Assunção, 48 anos, o homem não gosta de se ver exposto e, com isso, negligencia o exame.

- Infelizmente, esse ainda é um tabu que atrapalha o diagnóstico precoce. No entanto, esse comportamento já tem sido desconstruído - explica Assunção.

DIAGNÓSTICO
Antes dos 40 anos, a incidência da doença é em um a cada 10 mil homens. De 40 a 60 anos, a incidência é de uma para cado 103 homens. E, acima dos 70 anos, uma a cada oito homens pode ter o tumor. Segundo ele, não há formas específicas de prevenção ao câncer de próstata, além de hábitos que podem ajudar na saúde em geral, como alimentação balanceada, prática de atividades físicas e não fumar:

- A detecção precoce é a principal recomendação. Descobrir a doença no estágio inicial significa 90% chance de cura e poucas sequelas.

O exame de toque retal permite avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. O outro exame necessário é o de sangue, PSA (antígeno prostático específico), de acordo com o Inca.

TRATAMENTO
O tipo de tratamento vai depender do estágio da doença. Quando o tumor tem características pouco agressivas pode ser recomendada a cirurgia radical: aberta, laparoscópica e robótica, radioterapia. Em caso de doença localmente avançada (somente ultrapassa os limites da próstata), a opção é a cirurgia radical acompanhada ou não de hormônio e radioterapia. E se a doença estiver avançada, presente em outros órgãos, como ossos, gânglios e pulmões), tratamento clínico com hormonioterapia, quimioterapia e medicação oral.

- O tratamento se dá conforme cada paciente. A agressividade do tumor merece atenção antes de qualquer decisão, sempre tomada junto ao paciente. O médico fará o acompanhamento da doença, considerando idade e comorbidades - explica Lemos.

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Em regra geral, conforme o urologista, os tratamentos padrões, chamados curativos, passam por cirurgia e radioterapia, entre outros:

- A mortalidade por câncer de próstata caiu 30% em relação à década de 1990, devido ao avanço da medicina. Mas, depois de retirada a próstata e do tratamento prescrito, a pessoa precisa fazer acompanhamento com o especialista, por um período de cinco a 10 anos.

Conforme informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, a campanha intitulada Novembro Azul é realizada oficialmente por 21 países e teve início em 1999, na Austrália, por um grupo de amigos.

A iniciativa visa conscientizar em relação aos cuidados com a saúde do homem, com ênfase no câncer de próstata. A doença é o segundo tipo de câncer mais mortal entre homens e o sexto mais frequente no mundo.

O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é 17 de novembro. O governo garante tratamento no Estado, onde o portador da doença mora. O atendimento e os exames podem ser feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conforme encaminhamento clínico e agendamento.

FIQUE ATENTO
Crescimento da próstata
Pode ser genético, devido a mecanismos hormonais, mas é inevitável em idade avançada. Começa aos 40 anos e é progressivo. Dois a cada três homens vão necessitar de tratamento com medicamento para desobstruir trato urinário (hiperplasia)

Quem deve realizar o exame

  • Homens com histórico da doença na família - A partir dos 40 anos
  • Homens que sem o histórico da doença - A partir dos 45 anos

Como identificar

  • Dor óssea
  • Dores ao urinar
  • Vontade de urinar com frequência
  • Presença de sangue na urina e/ou no sêmen

Fatores de risco

  • Genética - Histórico familiar de câncer de próstata, embora não seja o principal fator
  • Idade - Conforme o envelhecimento, a glândula aumenta e, com isso, as chances da doença também
  • Obesidade - Alimentação balanceada, consultas periódicas e a prática de exercícios físicos auxiliam tanto na prevenção quanto no tratamento da doença, bem como evitar o hábito de fumar

Fontes: Rafael Lemos, médico urologista, e Sociedade Brasileira de Urologia

Programe-se

  • Secretaria de Saúde - As unidades básicas de saúde do município estão realizando ações educativas e preventivas ao câncer de próstata durante todo o mês:
    ESF Passo das Tropas - Em 28/11, das 8h ao meio-dia. Testes rápidos, consultas agendadas, atualização de caderneta vacinal e de cadastro e cartão do SUS a homens

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